domingo, 29 de julho de 2012

Tanto pouco tempo


Demora o tempo que precisava
Demora mais se for preciso
Devora tudo e vai embora
Que é pra lá que eu estou indo

sábado, 7 de janeiro de 2012

terça-feira, 21 de junho de 2011

No Eixo

É nesse cheiro de Brasília adolescente que a nostalgia me afaga, me conforta e me maltrata!
Quandos meus olhos, já cansados de chorar deixarem lágrimas escorrerem, é nessa Brasília adolescente que meus pensamentos estarão. Lembrando choro nostálgico com vontade de ir embora e revivendo instantes de felicidade em risos e cigarros, em beijos e eixos deturpados.

Desconhecida Íntima

Ela sorriu-me seu sorriso mais sincero de quem vem cruzando a esquina ao reencontro de um grande amigo. Acenou-me, e eu em grande duvida hesitei. Não me era possível que fosse ela mesma. Lembrei-me dos novos cabelos brancos que tanto me atormentaram nesses últimos anos, e como eles eram mesmo reais, sendo conquistados um por um. Porém, havia esquecido que ela era a causadora disso tudo, dos demasiados choros que em desespero eu suplicava por mais tempo, por mais cautela, por mais amor. Como algo pode ser tão frágil...Entretanto, no mesmo instante em que a vi, fui levada diretamente ao passado das palavras de uma criança. “BO-NI-TA”, e ela era mesmo bonita, e pelos céus... Como eu me permitir esquecer isso. Como deixei que fosse levada assim, sem nenhuma despedida. Foram tantos os meus anos tomados pela impaciência, pela agilidade, pela agonia que eu tinha perdido em algum momento a sutileza de sentir. A capacidade de amar, de não só olhar, mas de ver com o coração. E agora, eu já tomada pelas lágrimas ao vê-lá frente-a-frente, sinto remorso por ter passado tanto tempo sem que eu a segura-se pelas mãos afirmando, mesmo que aos berros, que ela era minha. E tudo isso me faz pensar com grande emoção que as coisas são mesmo sutis como um jarro de barro. A bem da verdade é que podemos encontrá-los em qualquer lugar, mas que a intenção é fazermos nós mesmos, com o que mais nos servir, com aquilo que temos de melhor para enfeitar a nossa vida, e embora frágeis, foram construídos com dedicação do nosso tempo.Como ela continua eterna... E como isso me aflige. Em meio aos meus devaneios, agora já me encontro no chão, ajoelhada e desesperada engasgando em meu próprio soluço, a sensação que tenho é a de que fechei os olhos há 10 anos e agora quando os abro novamente me encontro perdida, desolada em lugar distante e desconhecido, aqui mesmo. Contendo o meu choro ouço um choro de criança, alguém querendo atenção e afeto, e de repente, essa criança sou eu dentro de mim. Ninguém menos que eu, desatenta comigo mesma, injusta comigo mesma, e sua presença é tão forte que toma conta de mim por completo mas aí é que eu entendo que ela sempre esteve comigo, mesmo que adormecida pela minha incessante necessidade de controle. E agora, por um descuido, benéfico, ela me aparece como quem não quer nada, sorrindo... Sorrindo... Sorrindo. Agora o que sinto já passa a ser insuportável, é alegria, é dor, é emoção, é repugnante. Por que cruzar com ela novamente se recordar é viver mas é tão doloroso?Meu coração bate tão forte que até acho que são só os passos no chão, e quando olhos pros pés calçados e apressados passando por nós, sem nem sequer nos notar eu volto ao tempo de menina, onde descalça eu corria pela areia e só isso me bastava para sorrir esse mesmo sorriso sincero que agora eu olho e me descontrolo. Parece que não me pertenço mais, não me sinto mais. Para onde eu fui que me encontro agora tão distante desse sorriso, desse brilho, dessa intensidade?             Foi quando ela pegou-me pelos braços e tirou-me do chão que senti aquele frio na barriga, talvez o mesmo do primeiro beijo, a mesma sensação eterna da conquista ingênua, da ternura. Meus cabelos ao vento, os mesmos pés descalços na areia, a brisa da mar, os risos, os abraços... Até que a hora mais esperada é chegada, e parece que todo o meu corpo já estava preparado e sabia. A pele arrepia na hora certa, meus peitos incham na hora certa, e nossa, como minha boca saliva. Parece que todos e tudo sabiam dos anos felizes que eu passaria ao lado dele, menos eu.E agora, com os meus pés no salto alto, eu me repreendo por ter deixado ela passar sem que eu pudesse mesmo aproveitá-la. E ela, mais afoita que eu, sabe de tudo que estou sentindo agora, só pode saber por que seu sorriso é cada vez mais aberto, mais intimidador.              Ela sorriu-me seu sorriso mais sincero de quem vem cruzando a esquina ao reencontro de um grande amigo. Abraçou-me, e enfim eu pude descansar. A vida me reencontrou.

Aonde nasce o sol?

Corra! Lá fora ainda chove, mas você percebe que agora as flores desabrocham com o sentido da existência. Do que adiantava antes, as cores, se delas o que você esperava era só transparência?

Anda! Levante-se desse seu ócio. Queimando nas brasas do inferno ou andando ao lado dos anjos do céu, ainda haverá motivo. Sua vida ainda terá valor, e essa tua tristeza anti-moral ainda não te desmontou.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Ciúme

Uma parte de mim cala, outra grita quando silencio.
Olha aqui eu nua e agora, na esquina da sua vida.
Assombrada com o que foi e mais enciumada com o que parece ter sido.
Foi o que pareceu, ou transparece aquilo que é contido.
Uma parte de mim entende, mas a grande parte cria.
Foi o vento que passou  no momento da ausência.
Era um segredo guardado que ainda hoje me arrepia.